Entidades debatem estratégias sobre prevenção e combate a incêndios em audiência pública no MPT-RN
Entes públicos e empresas discutiram medidas preventivas para ambientes com grande fluxo de pessoas
Natal (RN), 13/08/2019 -
O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Norte (MPT-RN)
promoveu, na última sexta-feira (9), audiência pública para debater
mecanismos de combate a incêndios em locais com grande circulação de
pessoas. O encontro contou com a presença de representantes do poder
público e da sociedade civil, de diversas entidades como a Vigilância
Sanitária, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia (CREA) e a Associação dos Engenheiros de
Segurança do Trabalho (AEST), além de trabalhadores dos setores
comercial e industrial.
A procuradora regional do MPT-RN Ileana
Neiva abriu o debate, lembrando que as medidas de fiscalização visam
promover a igualdade de condições concorrenciais entre as empresas, para
impedir que as que não cumprem as normas possuam vantagens competitivas
indevidas, em detrimento das empresas, dos trabalhadores e da sociedade
em geral, que arca com os custos dos acidentes de trabalho, das grandes
tragédias ambientais e dos incêndios. Para a procuradora, que é titular
regional da Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho
(Codemat), a falta de fiscalização pode levar à ocorrência de mais
acidentes de trabalho, inclusive de incêndios.
Dificuldades para fiscalização -
O Coronel Acioli Bento, representante do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado do Rio Grande do Norte (CBM-RN) informou que, atualmente, a
Corporação opera com apenas cerca de 50% do efetivo que seria
recomendável, numa defasagem acentuada com o passar dos anos. Somente 12
profissionais são direcionados diretamente para a atuação em vistorias.
Diante do quadro deficitário, a
fiscalização tem sido direcionada para os ambientes com maior presença
de pessoas, como supermercados, lojas de departamento, hotéis, bares e
restaurantes, que necessitam da concessão do Auto de Vistoria do Corpo
de Bombeiros para o exercício de suas atividades. O coronel Acioli
Bento, conclui sua fala, afirmando que "não se pode flexibilizar as
normas sobre fiscalização quando se trata de vidas".
Incêndios marcantes – A
procuradora Ileana Neiva destacou que a ação preventiva do Ministério
Público do Trabalho na temática foi intensificada desde a tragédia na
boate Kiss, em Santa Maria (RS). Em 27 de janeiro de 2013, o incêndio
causado pelo uso de um sinalizador dentro da casa noturna provocou a
morte de 242 pessoas. Entre as vítimas fatais, mais de 20 possuíam
relação trabalhista com o estabelecimento ou com a banda Gurizada
Fandangueira, que se apresentava no momento do desastre.
O Rio Grande do Norte também já sofreu
com incêndios relevantes, recordou o coronel Acioli, como o ocorrido em
julho de 1999 nas instalações do grupo Coteminas. Na ocasião, dezenas de
pessoas, entre trabalhadores e vizinhos da fábrica, foram
hospitalizadas pela intoxicação com a fumaça. As chamas persistiram por
mais de 24 horas. Depois do caso, o CBM-RN passou a ter uma base nas
proximidades da indústria, acelerando o deslocamento para atender as
ocorrências na Zona Norte de Natal.
Risco de retrocessos – O
representante do Conselho Regional de Engenharia (CREA) e Presidente da
Associação Estadual de Engenheiros de Segurança do Trabalho, Abias
Vale, falou sobre a necessidade de uma legislação nacional de prevenção
de incêndios e defendeu que a Norma Regulamentadora nº 23 volte a ter um
conteúdo maior, reunindo as normas que são diversas nos estados, e
conferindo maior proteção para os trabalhadores e as empresas, na
prevenção de incêndios.
Marcos Santana, presidente do Sindicato
dos Empregados em Supermercados no Rio Grande do Norte, lembrou que a MP
da Liberdade Econômica, atualmente em tramitação no Congresso Nacional,
prevê a extinção da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
em empresas de menor porte e que é preciso que os trabalhadores e a
sociedade entendam e defendam o trabalho das CIPAs, defendo a Norma
Regulamentadora nº 5, que prevê a constituição e funcionamento dessas
comissões.
A procuradora Ileana Neiva salientou que
a atividade não gera custos após o treinamento dos trabalhadores, que
exercem a função de observar e relatar os riscos presentes no ambiente
de trabalho, além do convencimento do empregador e dos colegas de
trabalho para a adoção nas normas de saúde e segurança do trabalho. A
representante do MPT-RN frisou ainda que determinadas atividades possuem
elevado grau de insalubridade ou periculosidade mesmo quando
desempenhadas em locais com menor número de pessoas, e destacou também o
rigor técnico e científico utilizado para a elaboração das normas
regulamentadoras. O que define o grau de risco não é o tamanho ou o
capital social da empresa, mas é a atividade desenvolvida e como ela é
desenvolvida, destacou a Procuradora, lembrando que a prevenção de
incêndios em pequenos estabelecimentos é tão importante quanto nos
grandes, pois o fogo se alastra, podendo vir a destruir quarteirões
inteiros de uma cidade até ser combatido.
Assessoria de Comunicação (Tatiana Lima e Rachid Jereissati)
Ministério Público do Trabalho no RN
Fones: (84) 4006-2820 ou 2893/ 99113-8454
Instagram: @mpt.rn / Twitter: @MPTRN
E-mail: prt21.ascom@mpt.mp.br
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