09/04/2015
Paralisação nacional reunirá centrais sindicais e parceiros dos movimentos sociais contra ataques do Congresso aos trabalhadores
Escrito por: Redação Rede Brasil Atual
Uma associação de 21 movimentos sociais,
partidos políticos, pastorais sociais e centrais sindicais – entre os
quais MTST, CUT e MST – organizarão um ato no próxima quarta-feira (15)
contra o projeto de lei das terceirizações (PL 4.330) e a redução da
maioridade penal e em defesa da reforma política, do fim do
financiamento privado de campanhas e pela taxação de grandes fortunas.
Em São Paulo, a concentração será às 17h, no Largo da Batata, na zona
oeste da capital.
Ocorrerão mobilizações também no Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba. A CUT propõe que seja um
dia nacional de paralisações contra o PL das terceirizações. De acordo
com a entidade, o projeto
não melhora as condições de trabalho dos 12,7 milhões de terceirizados
(26,8% dos trabalhadores) e ainda amplia a possibilidade de estender
esse modelo de contratação para a atividade-fim da empresa, o que hoje é
proibido no Brasil. "Fragmenta também a representação sindical e
legaliza a diferença de tratamento e direitos entre contratados diretos e
terceirizados", aponta, em nota.
"De
um lado uma contraofensiva conservadora, com manifestações que tentam
canalizar essa insatisfação para uma agenda de retrocesso. Elas tiveram
eco no Congresso Nacional – que se tornou um reduto do atraso político,
sob o comando de (Eduardo) Cunha e Renan Calheiros (ambos do PMDB) – e pautou propostas como: a redução da maioridade penal, a PL 4330 da terceirização, a lei antiterrorismo, a autonomia do BC(Banco Central) e a PEC da Corrupção, que legaliza as doações empresariais para as eleições", afirmam as entidades em nota.
"De
outro lado, o ajuste fiscal e as medidas propostas pelo ministro
Joaquim Levy reduzem direitos dos trabalhadores, dificultam o acesso a
políticas e direitos sociais, corta investimentos para educação e
moradia. Associado ao aumento de tarifas, que vem sendo seguido por
vários governos estaduais, só agrava a situação do mais pobres. Sem
falar na crise da água em São Paulo que é de responsabilidade do governo
tucano no estado", segue a nota. "A direita tenta impor a sua agenda
política semeando a intolerância e o ódio, propondo políticas que
incentivam o racismo, o machismo e a LGBTfobia."
As
entidades defendem que o ajuste fiscal proposto pelo governo para
conter os efeitos da crise econômica mundial não reduzam os direitos
sociais e trabalhistas, nem o corte de investimentos em educação e
moradia. "O ajuste deve sim ser feito, mas taxando aqueles que sempre
lucraram com as crises. É preciso taxar as grandes fortunas, os lucros e
os ganhos com a especulação financeira e na bolsa de valores, limitar a
remessa de lucros para o exterior, reduzir drasticamente os juros
básicos da economia e uma auditoria da dívida pública", defendem.
Os movimentos reivindicam ainda um
programa de reformas estruturais, que inclua alterações na política
tributária, reforma agrária e urbana, segurança alimentar e a
democratização dos meios de comunicação. Eles pedem o fortalecimento de
iniciativas como o projeto da Coalizão Pela Reforma Política
Democrática, a campanha por uma constituinte do sistema político e a
campanha Devolve Gilmar, que exige a retomada imediata do julgamento do
projeto que propõe o fim do financiamento privado de campanhas
políticas, que está há um ano parado nas mãos do ministro do Supremo
Tribunal Federal Gilmar Mendes.
O
presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, afirma que a luta contra o
PL 4.330 é o combate mais importante da atual conjuntura política,
porque assola os direitos dos trabalhadores. “Mesmo
após o enfrentamento ao Congresso conservador e a truculência da
polícia que agrediu nossos militantes, nossa luta vai se intensificar.
Vamos cruzar os braços e faremos questão de ir de estado em estado para
denunciar os deputados que votarem a favor do projeto para que o povo
brasileiro não reeleja os traidores da classe trabalhadora.”
O presidente da CTB, Adilson Araújo, ressaltou que ao institucionalizar o trabalho precário no Brasil, o projeto pode levar a economia a um colapso. “Quando você permite que mais de 40 milhões de trabalhadores migrem para um contrato precarizado, você afeta a contribuição ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), à Previdência Social e impacta o Sistema Único de Saúde (SUS), já que os terceirizados são as maiores vítimas das doenças ocupacionais e de óbitos no ambiente de trabalho.”
Para o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, o PL 4.330 irá enfraquecer a capacidade de articulação dos trabalhadores. “Com a generalização da terceirização para todas as atividades, não melhoraremos a vida de quem já é afetado e ainda atacaremos as conquistas das convenções e acordos coletivos. Não temos dúvida do significado desse ataque por parte do Congresso e da importância da unidade contra a fragmentação das organizações trabalhistas e dos fundos essenciais para as políticas públicas.”
O presidente da CTB, Adilson Araújo, ressaltou que ao institucionalizar o trabalho precário no Brasil, o projeto pode levar a economia a um colapso. “Quando você permite que mais de 40 milhões de trabalhadores migrem para um contrato precarizado, você afeta a contribuição ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), à Previdência Social e impacta o Sistema Único de Saúde (SUS), já que os terceirizados são as maiores vítimas das doenças ocupacionais e de óbitos no ambiente de trabalho.”
Para o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, o PL 4.330 irá enfraquecer a capacidade de articulação dos trabalhadores. “Com a generalização da terceirização para todas as atividades, não melhoraremos a vida de quem já é afetado e ainda atacaremos as conquistas das convenções e acordos coletivos. Não temos dúvida do significado desse ataque por parte do Congresso e da importância da unidade contra a fragmentação das organizações trabalhistas e dos fundos essenciais para as políticas públicas.”
Terceirização em números
Como
parte da estratégia de luta contra a ampliação da terceirização, a CUT
lançou em março deste ano o dossiê “Terceirização e Desenvolvimento: uma
conta que não fecha” que comprova: esse modelo de contratação só é bom
para quem vê na degradação das condições de trabalho uma forma de lucro.
Segundo o documento, em dezembro de 2013, os trabalhadores terceirizados recebiam 24,7% a menos do que os contratados diretos, realizavam uma jornada semanal de três horas a mais e eram as maiores vítimas de acidentes de trabalho: no setor elétrico, segundo levantamento da Fundação Comitê de Gestão Empresarial (Coge), morreram 3,4 vezes mais terceirizados do que os efetivos nas distribuidoras, geradoras e transmissoras da área de energia elétrica.
Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp Vitor Filgueiras, “dos dez maiores resgates de trabalhadores em condições análogas à de escravos no Brasil, entre 2010 e 2013, em 90% dos flagrantes, os trabalhadores vitimados eram terceirizados”.
Segundo o documento, em dezembro de 2013, os trabalhadores terceirizados recebiam 24,7% a menos do que os contratados diretos, realizavam uma jornada semanal de três horas a mais e eram as maiores vítimas de acidentes de trabalho: no setor elétrico, segundo levantamento da Fundação Comitê de Gestão Empresarial (Coge), morreram 3,4 vezes mais terceirizados do que os efetivos nas distribuidoras, geradoras e transmissoras da área de energia elétrica.
Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp Vitor Filgueiras, “dos dez maiores resgates de trabalhadores em condições análogas à de escravos no Brasil, entre 2010 e 2013, em 90% dos flagrantes, os trabalhadores vitimados eram terceirizados”.
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