quinta-feira, 19 de abril de 2012

Salario baixo e muita exploraçao afasta trabalhadores de supermercados

Com o déficit nas admissões, os supermercados terão de rever os planos de encerrar o ano com 8 mil novos empregados, segundo o presidente da Amis, José Nogueira Soares Nunes. No grupo dos temporários, o mais provável é que as empresas contratem 1,5 mil a, no máximo, 2 mil pessoas. “A falta de mão de obra se tornou um problema sério e generalizado na economia brasileira”, reclamou o empresário, sócio-proprietário do grupo DMA, dono das redes Epa, Martplus e Via Brasil. Juntas, as lojas das três marcas têm cerca de 500 oportunidades que não conseguem preencher.


Há vagas para vendedores, caixas e atendentes. Esses anúncios estão cada vez mais frequentes nas paredes de estabelecimentos comerciais de Novo Hamburgo e cidades da região. Lojistas estão se queixando da dificuldade de preencher as vagas. O diretor do Trabalho da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia, Trabalho e Turismo de Novo Hamburgo (Sedetur), Paulo Haubert, diz que existem 479 vagas no comércio para serem preenchidas na Agência Municipal de Empregos (AME), sendo a maioria para vendedores, caixas e atendentes. 

“A falta de mão de obra começa por causa das exigências que são colocadas. As empresas querem pessoas com experiência. Algumas têm pressa em contratar, mas ao mesmo tempo não querem empregar quem mora mais longe”, diz.
Além disso, Haubert comenta que alguns segmentos deixaram de ser atrativos em função do salário e por serem áreas que oscilam muito, como no setor de calçado. Outro ponto observado pelo diretor de Trabalho é a jornada excessiva. “Esse fator também dificulta a absorção das pessoas. Muitas não querem trabalhar nos fins de semana”, diz. Para solucionar o problema, empregador e empregado precisam ceder.
 “O empregador pode buscar alguma compensação financeira para que o empregado trabalhe nos fins de semana, por exemplo. Ele deve criar novas condições que possam ser atrativas para as pessoas. E o trabalhador que não consegue emprego também deve parar e pensar por que não está conseguindo e ver se não falta buscar qualificação, escolarização, preparo”, sugere.
Diagnóstico e soluções apontadas
VAGAS - A Agência Municipal de Empregos de Novo Hamburgo tinha ontem 1.419 vagas, sendo 479 no comércio, 465 na prestação de serviços, 406 na indústria e 69 para a construção civil. Na prestação de serviços se encaixam as vagas para auxiliar de limpeza, serviços gerais, garçom, acompanhante de idosos, doméstica, instaladores de telefonia, motoboy, panfleteiro, entre outras.
QUALIFICAÇÃO - O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Novo Hamburgo, Gerson Müller, acredita que o principal problema é a falta de vontade das pessoas em se qualificaram. “O Sindilojas têm muitos cursos de dentro da área do comércio e muitas vezes temos problema de falta de pessoas interessadas”, avalia. Müller conta ainda que os lojistas estão tendo muito problema para contratação. “São muitos lojistas, para não dizer quase todos. O comércio tem de funcionar nos fins de semana e muita gente não aceita as vagas por isso”, diz.
Três vagas há cinco anos em aberto
Um supermercado do bairro Liberdade, em Novo Hamburgo, enfrenta a dificuldade de falta de mão de obra há mais de cinco anos. O gerente André Zanotelli conta que tem três vagas de caixa e que nunca consegue completar o quadro. “Estou apenas com uma caixa e uma fiscal. Às vezes eu e o açougueiro ajudamos nos caixas”, conta. Ele diz que a maioria não aceita o emprego porque precisa trabalhar nos fins de semana. “Nem exijo experiência. Só vontade para trabalhar”, diz.

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