
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) para o movimento sindical. Das comunidades carentes do Norte e Nordeste para os comerciários de Cachoeiro do Itapemirim, do Espírito Santo e, agora, do Brasil. Militante desde os 17 anos. Essas características não definem Alci Matos Araujo, mas resumem pontualmente sua militância que começou na Igreja e foi dar no movimento sindical.
Convidado a integrar o movimento sindical em 1993 pelos companheiros Germano Quevedo, ex-presidente da Contracs, e Nunes, atual presidente da CUT Espírito Santo, Alci aprendeu com lideranças de muita luta como o próprio Germano, Nunes, Jakson, Rodrigo, Geraldinho e tantos outros. Nesta época, Alci era vendedor e também já tinha sido trabalhador doméstico.
15 dias antes das eleições do Sindicomerciários-ES, Alci deixou o trabalho sem saber se seria ou não demitido para fazer campanha eleitoral. O espírito de marimbondo, que define como aquele que quer futucar todo mundo, foi o responsável pela sua inquietação.
Sua militância ia além das bases do sindicato com uma ativa participação na vida partidária do PT desde 1987.
A partir de 1994, passou a integrar a direção do Sindicomerciários-ES como suplente da diretoria e depois do Conselho Fiscal e, aos poucos, foi galgando espaço e adquirindo experiência. Pelos trabalhadores no comércio do seu estado, trabalhou no sindicato da categoria não só no Conselho Fiscal como na secretaria de formação e de imprensa.
Na esfera nacional, começou a participar das discussões como delegado durante o 4º Congresso da Contracs, em 1999. No 6º Congresso, integrou a direção da confederação na secretaria de relações internacionais e no 7º Congresso assumiu a secretaria de finanças. No 8º Congresso foi eleito presidente para o triênio 2011-2014.
Alci revela que ao entrar no movimento sindical queria estar inserido na sociedade, mas ainda não sabia o que era o sindicalismo. Hoje, defende a necessidade de se formar um grupo coeso para que o ramo conquiste avanços e considera uma responsabilidade muito forte ser presidente de uma entidade de representatividade nacional. “Minha vontade de trabalhar é muito grande.” afirma com convicção.
Recém-formado em Ciências Sociais, afirma que o movimento sindical lhe trouxe capacitação e conhecimento do processo organizativo da categoria, além da experiência de reivindicar por um local de trabalho melhor. Hoje, o presidente da Contracs considera o movimento sindical como uma universidade e acredita que ainda tem muito que aprender.
Devido sua experiência de vida e sua atuação no movimento sindical, o dirigente considera a filiação sindical um ato político tão importante quanto votar e ressalta a importância das direções sempre ouvirem sua base.
Pai de 3 filhos – duas moças e um menino -, procura sempre mostrar a importância de ser um agente transformador da sociedade e por isso defende que movimento sindical tem que ser uma luta da classe operária e declara: “o movimento sindical me deu formação e qualificação e, para mim, é muito valoroso.”
Segundo Alci, para acabar com um grave problema que aflige as categorias que defende, a Contracs precisa começar a trabalhar uma plataforma que garanta a estabilidade no emprego e acabe com a precarização do trabalho. “É uma relação entre capital e trabalho e se não tivermos a convenção 158 da OIT, contra a dispensa imotivada, ratificada no Brasil não conseguiremos acabar com isso. A gente não consegue acompanhar a globalização, por isso acabar com este problema é um desafio. E, neste sentido, a Convenção 158 precisa ser ratificada pelo Brasil.”
Para finalizar, destaca os principais desafios da Contracs no próximo triênio: aumentar a visibilidade da confederação através dos estados, melhorar os locais de trabalho e fazer da Contracs um agente político e de formação para as categorias que formam sua base, motivando o espírito reivindicatório de suas pautas de interesse e de negociação coletiva.
Para tanto, Alci considera primordial manter hasteadas todas as bandeiras de luta que a Contracs defende desde sua fundação e reiterados durante o 8º Congresso, que são: trabalho decente, 40 horas semanais, fim do banco de horas, pelo fim do trabalho aos domingos e feriados, equiparação de direitos, pela erradicação do trabalho infantil e o fim do fator previdenciário.
Alci será empossado na noite desta terça-feira, dia 7, juntamente com os outros companheiros eleitos durante o 8° Congresso Nacional da Contracs.
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