terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

comércio: jornadas extensas e baixos salários

Exijo a jornada normal, pois exijo o valor de minha mercadoria como qualquer outro vendedor.

Vemos que, abstraindo de limites extremamente elásticos, não resulta da natureza da troca de mercadorias nenhum limite à jornada de trabalho ou ao trabalho excedente. O capitalista afirma seu direito, como comprador, quando procura prolongar o mais possível a jornada de trabalho e transformar, sempre que possível, um dia de trabalho em dois. Por outro lado, a natureza específica da mercadoria vendida impõe um limite ao consumo pelo comprador, e o trabalhador afirma seu direito, como vendedor, quando quer limitar a jornada de trabalho a determinada magnitude normal.


Ocorre assim uma antinomia, direito contra direito, ambos baseados na lei de troca de mercadorias. Entre direitos iguais e opostos decide a força. Assim, a regulamentação da jornada de trabalho se apresenta, na história da produção capitalista, como luta pela limitação da jornada de trabalho, um embate que se trava entre a classe capitalista e a classe trabalhadora.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Segundo dados do DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, elaborado a partir de dados da PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego, quase metade dos trabalhadores do comércio são mulheres. É uma das únicas categorias que a proporção entre os sexos é quase que igualmente distribuída.
No entanto, aqui a desigualdade entre homens e mulheres também permanece. Em outra pesquisa, sobre a situação dos trabalhadores de supermercado de São Paulo, o DIEESE aponta que, as mulheres da categoria recebem 88,9% do salário dos homens. Isso ocorre porque elas ocupam geralmente os cargos que requerem menos qualificação, como caixas, por exemplo.
Grande parte desses trabalhadores estão nos supermercados - cerca de 40%. É um setor altamente lucrativo para os patrões. Só na cidade de São Paulo, por exemplo, em 2009 eles faturaram R$ 177 bilhões de reais. Porém, essa grande lucratividade não confere aos trabalhadores melhores condições de trabalho.
Essa categoria, ocupante das mais diversas funções (ajudante geral, balconista, açougueiro, repositor, operador de caixa, recepcionista, entregador, auxiliar de serviços gerais, etc.) também é submetida a diferentes tipos de risco à saúde. A principal doença sofrida pela categoria é aquela relacionada aos esforços repetitivos, as chamadas Lesões por Esforços Repetitivos/Doenças Osteo-Articulares Relacionadas ao Trabalho (LER/-DO RT)
O assédio moral também é enorme. Não são raros os relatos de caixas que são proibidas de ir ao banheiro, mesmo quando estão grávidas. Muitas possuem tendinite ou bursite, pela forma como devem, o tempo todo, esticar os braços para pegar as mercadorias.
Segundo o Dieese, a maior parte dessas trabalhadoras possuem entre 25 e 39 e são mães. Seu salário dificilmente ultrapassa R$ 893,00.
As jornadas de trabalho dessa categoria são extensas e na maioria dos casos ultrapassam a jornada de trabalho legal – as já fatigantes 44h semanais, oscilando entre 45h, chegando a 49h no Recife. As horas trabalhadas para além da jornada vão para o nosso velho conhecido banco de horas. Apenas 20,6% das trabalhadoras dizem receber hora extra quando trabalha além da jornada.
Os trabalhadores do comércio são fundamentais para o capitalismo. São uns dos responsáveis por realizar a circulação das mercadorias, após sua produção. Se o capitalista não consegue vender o que produziu, entra em crise. Assim, essa categoria, apesar de fundamental, é altamente explorada, tendo salários baixos e trabalhando muitas horas, horas a mais das permitidas, como foi visto.
Os grandes supermercados, durante a crise de 2009, além de não terem seus lucros rebaixados, aumentaram seus ganhos. Isso graças a essa exploração. Portanto é fundamental para esses trabalhadores e trabalhadoras sua organização. Organização não em sindicatos que fecham acordos com patrões, mas em sindicatos que cumpram seu papel de organização de classe e que se coloquem na linha de frente da luta por melhores condições de trabalho.




Nenhum comentário :